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🧫 Função Hepática em Cães e Gatos: Como Avaliar com Precisão os Exames Bioquímicos

ALT, AST, FA, GGT e albumina: o que esses marcadores revelam de fato na rotina clínica

Introducão

O fígado é um dos órgãos mais complexos e multifuncionais do organismo, e avaliar corretamente sua função é essencial na prática clínica veterinária. No entanto, a interpretação dos exames hepáticos muitas vezes gera confusão, especialmente quando os valores estão apenas levemente alterados ou quando diferentes enzimas apontam para direções distintas.


Este artigo tem como objetivo esclarecer o papel de cada marcador bioquímico e mostrar como aplicá-los de forma integrada à anamnese, aos sinais clínicos e à conduta diagnóstica.

🧠 Por que o fígado exige uma leitura completa e não isolada?


O fígado participa ativamente de:

  • Produção de proteínas plasmáticas (ex: albumina, fatores de coagulação)

  • Metabolismo de lipídeos, glicose e colesterol

  • Detoxificação de fármacos e toxinas

  • Armazenamento de vitaminas e ferro

  • Produção e secreção da bile

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⚠️ Por isso, alterações laboratoriais podem indicar lesão hepática, disfunção funcional ou condições secundárias, como inflamações sistêmicas ou doenças endócrinas.

🧪 Principais exames hepáticos e seus significados clínicos


✅ ALT (Alanina Aminotransferase)

  • Enzima de extravasamento presente no citoplasma dos hepatócitos

  • Alta especificidade hepática em cães e gatos

  • Aumentada: indica lesão celular hepática, como hepatites, congestão, lipidose, neoplasias, uso de fármacos hepatotóxicos

  • Reduzida: pode ocorrer em prenhez, má nutrição ou doenças musculares graves


✅ AST (Aspartato Aminotransferase)

  • Menos específica que a ALT, pois está presente também em músculos, coração e outros tecidos

  • Aumentada: lesões musculares, hemólise, necrose tecidual, doenças hepáticas


📌 Dica clínica: Elevações simultâneas de ALT e AST reforçam a suspeita de dano hepático direto.

✅ FA (Fosfatase Alcalina)

  • Enzima de indução presente no fígado, ossos e intestino

  • Aumentada: colestase, crescimento ósseo, neoplasias, uso de anticonvulsivantes e corticoides, pancreatite, lipidose hepática

  • Reduzida: deficiência de zinco ou magnésio, desnutrição, hipotireoidismo


✅ GGT (Gama Glutamil Transferase)

  • Associada à colestase e mais expressiva em ruminantes

  • Pode ser avaliada junto à FA para investigar doenças biliares ou obstruções hepáticas

✅ Albumina

  • Proteína sintetizada exclusivamente no fígado

  • Reduzida: nefropatias, insuficiência hepática, má absorção, perda proteica, hemorragias

  • Aumentada: desidratação, ingestão excessiva de proteínas

💡 A albumina baixa não indica necessariamente lesão hepática, mas sim diminuição da capacidade funcional do órgão.

🩺 Lesão x função hepática: como diferenciar?


  • ALT e AST → refletem lesão celular (hepatite, necrose, intoxicação)

  • Albumina, ureia e glicose → refletem a função de síntese do fígado

  • FA e GGT → sugerem colestase ou obstrução biliar

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📌 Alterações combinadas reforçam hipóteses diagnósticas. Exemplo: ALT aumentada com albumina baixa pode indicar lesão com perda funcional.

🐾 Exemplo clínico resumido: hepatite crônica


Um cão idoso apresenta perda de peso, vômitos intermitentes e ascite. Exames mostram:

  • ALT e AST elevadas

  • FA discretamente aumentada

  • Albumina baixa

  • Hepatomegalia ao ultrassom


Nesse cenário, a associação entre lesão + redução da capacidade de síntese sugere hepatopatia crônica com comprometimento funcional — exigindo conduta clínica cuidadosa e acompanhamento laboratorial.

✅ Vantagens de interpretar exames hepáticos de forma integrada

  • Permite diagnóstico precoce de hepatopatias, mesmo em fases subclínicas

  • Evita condutas equivocadas baseadas em exames isolados

  • Auxilia no monitoramento de tratamentos e toxicidades medicamentosas

  • Melhora a comunicação com o tutor e o entendimento do prognóstico

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Conclusão


Avaliar a função hepática exige mais do que olhar números. Exige raciocínio clínico, correlação com sinais e compreensão das funções do fígado. A leitura correta dos exames bioquímicos permite ao veterinário agir com segurança, evitar erros diagnósticos e oferecer condutas terapêuticas mais eficazes.

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