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🩸 Anemia em Cães e Gatos: Por que Ela Não é um Diagnóstico e Como Interpretá-la Corretamente

Atualizado: 6 de ago.

A compreensão correta da anemia evita tratamentos equivocados e melhora a condução clínica.

Muitos profissionais ainda veem a anemia como um diagnóstico final, mas, na verdade, ela representa uma manifestação clínica de uma doença subjacente. Tratar a anemia sem compreender sua causa primária pode atrasar o diagnóstico correto, comprometer a escolha terapêutica e afetar diretamente a recuperação do paciente.

Este artigo tem como objetivo ajudar o médico veterinário a entender a fisiopatologia da anemia, como classificá-la e, principalmente, como interpretá-la com base nos exames laboratoriais, promovendo mais segurança e precisão clínica.

❗ Anemia não é o fim — é o começo de uma investigação.


A anemia é definida pela redução na quantidade de hemácias, hemoglobina ou hematócrito abaixo dos valores de referência para a espécie. Contudo, essa condição não é uma doença em si, mas sim uma resposta do organismo a diferentes distúrbios, como:

  • Hemorragias

  • Hemólise

  • Doenças infecciosas crônicas

  • Deficiências nutricionais

  • Disfunções medulares


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O que define a conduta terapêutica adequada não é apenas o número reduzido nos exames, mas sim o motivo da queda.

🧬 Existem três formas de classificar a anemia na clínica veterinária:


1. Classificação fisiopatológica

Permite entender a origem da perda sanguínea:

  • Hemorrágica (aguda ou crônica)

  • Hemolítica (imunomediada, infecciosa, tóxica)

  • Hipoproliferativa (medular, por doenças crônicas ou deficiências)


2. Índices eritrocitários

Avaliam o volume e conteúdo de hemoglobina nas hemácias:

  • Macrocítica, microcítica ou normocítica (VCM)

  • Hipocrômica ou normocrômica (CHCM)

Esses dados indicam se o organismo está tentando regenerar as hemácias ou não.


3. Resposta medular (reticulocitose)

A presença de reticulócitos no sangue periférico mostra que a medula óssea está reagindo à anemia:

  • Anemia regenerativa: há resposta da medula (reticulócitos elevados)

  • Anemia arregenerativa: ausência de resposta (reticulócitos baixos)

🧪 Aplicação prática: o que observar no hemograma?


Ao analisar o hemograma, os seguintes dados devem ser correlacionados:

  • VCM e CHCM: indicam se as hemácias estão maiores ou menores e mais ou menos concentradas de hemoglobina

  • RDW (amplitude de distribuição das hemácias): mede a variação no tamanho

  • CCR% e contagem absoluta de reticulócitos: avaliam a regeneração

  • Policromasia e anisocitose: visíveis na lâmina, sugerem regeneração ativa

  • Morfologia de hemácias alteradas (esferócitos, acantócitos): podem sugerir hemólise, distúrbios hepáticos ou renais

📌 Exemplo clínico resumido

Um paciente canino apresenta hemácias normocíticas e normocrômicas, com reticulócitos corrigidos acima de 2% e policromasia acentuada. A conclusão é de anemia regenerativa, possivelmente causada por hemorragia aguda ou hemólise.

Nesse caso, investigar doença do carrapato, trauma ou intoxicação pode ser o caminho clínico mais acertado, ao invés de iniciar tratamento sintomático sem buscar a etiologia.

🩺 Benefícios da interpretação aprofundada da anemia para o veterinário:

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Conclusão

Interpretar corretamente uma anemia vai muito além de identificar valores baixos no hemograma. Exige conhecimento técnico, atenção à resposta medular e à história clínica do paciente.


Esse tipo de leitura integrada permite ao veterinário identificar a causa primária, propor um tratamento mais eficaz e comunicar-se com segurança com o tutor — reforçando a confiança e promovendo um atendimento clínico mais completo.



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